quarta-feira, 26 de novembro de 2008

UFT- LETRAS – PRAGMÁTICA Questões de trabalho – Elaboração teórica de Searle

1.De que modo John Roger Searle, continuador das reflex es teóricas de Austin, distancia-se tanto de Saussure quanto de Chomsky?
Searle distancia-se de Saussure ao sustentar que a enunciaç o está sujeita a regras convencionais e de Chomsky ao centralizar a abordagem na comunicaç o.

2. Qual é para Searle a unidade mínima de comunicaç o?
Diferentemente de Benveniste, que elege a frase como a unidade mínima do discurso, Searle situa a produç o dessa como a unidade mínima da comunicaç o lingüística, ou seja, o ato de fala.

3. O que é para Searle falar uma língua?
É realizar atos de fala conformando-os a regras constitutivas.

4. Que regras s o colocadas em evid ncia sobre o uso dos marcadores da força ilocucionária?
Searle ordena-as em quatro rubricas: regras das condiç es sobre o conteúdo proposicional (uma promessa consiste na projeç o de um ato futuro do locutor); das condiç es preparatórias(no caso da ordem, a regra requer que o ouvinte seja capaz de executar) ; das condiç es de sinceridade (no caso da asserç o, que o locutor acredite n o que afirma) e regra essencial (liga o fato bruto, ato de prometer, ao fato institucional que é que é a obrigaç o contraída).

5. Quais problemas s o tratados por Searle na obra "Expression and Meaning"?
Searle focalizará problemas da filosofia da linguagem, a saber: atos de fala indiretos, o discurso ficcional e o uso metafórico da linguagem.

6.Como Searle explica os atos indiretos?
Searle invocará mecanismos justificados de maneira independente, tais como os princípios de cooperaç o de Grice, a teoria dos atos de fala e a racionalidade presumida dos ouvintes. Assim, o convidado a quem dizemos: "Pode passar-me o sal?", raciocina da seguinte forma: "Meu vizinho de mesa n o está interessado em minhas aptid es para a preens o como poderia estar um ortopedista. Por outro lado, sup e que ele coopere nesse empreendimento comum que é uma conversaç o. A capacidade prévia de realizar uma aç o é uma condiç o prévia para a formulaç o do pedido. De tudo isso decorre que "Pode passar-me o sal?" deve ser tomado como um pedido educado e n o como uma pergunta."

7. O que é o discurso ficcional para Searle?
É um jogo de linguagem separado, mas n o um tipo de ato ilocucionário. É um caso parasitário em relaç o aos outros usos. O que confere a uma obra o estatuto de ficç o é um posicionamento do autor que, em vez de fazer asserç es, atém-se a pretender faz -las.

8. Quais s o os princípios colocados em evid ncia para explicar as metáforas?
S o os princípios gerais de comunicaç o. Diante da frase "Sally é uma pedra de gelo". Este enunciado é defeituoso se tomado literalmente. Ora, a máxima de cooperaç o nos autoriza a presumir que o locutor quis dizer algo sensato. Procuramos ent o outra pista.Mas s o inumeráveis as interpretaç es. Nesse ponto, Searle evidencia princípios de comunicaç o que permitem recortar em um conjunto de interpretaç es, um subconjunto de dimens o aceitável: "Quando voc escuta ‘S é P ’ e ‘S’ n o pode ser tomado em seu sentido literal, procure maneiras pelas quais S (Sally, no exemplo) poderia ser P (uma pedra de gelo).

9.Como Searle entende a noç o de sentido literal?
A reflex o sobre atos de fala indiretos, obras de ficç o, metáfora e ironia, pressup e a noç o de sentido literal. Searle rejeita a vis o corrente de contexto zero e demonstra que para um grande número de frases n o existe contexto zero, contexto nulo. Mesmo para interpretar uma frase t o trivial como "o gato está sobre o tapete", temos que nos apoiar num conjunto de pressuposiç es e de informaç es prévias concernentes ao contexto em que a frase foi enunciada de maneira apropriada. Temos, por exemplo,que excluir a situaç o em que o gato flutuaria no espaço, situaç o em que n o poderíamos opor "sobre o tapete" e "sob o tapete."

10. Quantos e quais s o os tipos de atos ilocucionários inventariados por Searle?
Searle elencou cinco tipos:
- assertivos - "Jo o anda."
- diretivos - "Ande."
- compromissivos - "Prometo vir."
- expressivos - "Sinto muito sua partida."
- declarativos – "O senhor é culpado."

11. Em que base repousa o conceito de "direç o de ajustamento"?
Para que uma asserç o seja "satisfeita", o enunciado precisa descrever a realidade e, portanto, conformar-se a esta realidade. Para que uma ordem seja satisfeita, ou seja, obedecida, é preciso que a realidade conforme-se, ajustes-se, frase. Há, portanto, 04 possíveis direç es de ajustamento: PALAVRA-MUNDO(assertivos); MUNDO-PALAVRA (diretivos e compromissivos);DUPA DIREÇ O (declarativos); DIREÇ O NULA (expressivos).

12. Que aproximaç es Searle faz em sua obra Intencionalidade?
Searle compara os atos de fala (fazer asserç es, pedir etc) aos estados intencionais (acreditar, desejar etc). A noç o de direç o de ajustamento também pe transposta para os estados intencionais. A crença como a intenç o deve conformar-se realidade, o desejo, assim como o pedido, é satisfeito se a realidade conformar-se a ele; MENTE-MUNDO; MUNDO- MENTE.
Há uma conex o entre os atos de linguagem e o estado intencional que lhes corresponde. Assim, por exemplo, o ato ilocucionário de asserç o é a express o do estado intencional de crença. Essa conex o é lógica como prova o caráter paradoxal de "p, mas n o creio que p."

Um comentário:

Francisleide disse...

Oi, professora!
Foi um prazer dividir este semestre contigo, ainda mais estudando uma disciplina tão gostosa.
Não sei, se é porque estudando os atos de fala, tão presente em nossa vida, ou a curiosidade como se dar essa comunicação bastante criativa e interativa.
Bom,
Boas festas...
e até mais.
beijos!
Fran
www.franpragmatica.blogspot.com