1-A que conclusão chegou Austin diante das dificuldades em buscar critérios para definir mais claramente os performativos, uma vez que eles não são tão obviamente distintivos dos constatativos?
Depois de tentar critérios gramaticais ou de vocabulário, ou uma combinação de ambos, Austin conclui pela inexistência de um critério absoluto. Além disso, critérios não serviriam para distinguir performativos dos constatativos, uma vez que é comum que uma mesma sentença seja usada em diferentes ocasiões das duas formas.
2-Mesmo admitindo que parece ser um problema sem solução, que tipo de performativo continua a merecer a preferência do autor?
O performativo do qual ele tirou seus primeiros exemplos (verbo na 1ª pessoa do singular do pres, do indic. da voz ativa, pelo menos em casos em que fazer o proferimento é realizar o ato).
3-Que metodologia sugere para se chegar aos performativos explícitos?
Fazer uma lista de todos os verbos com a peculiaridade de ao dizer fazer um ato.
Supor que todos os proferimentos performativos que não se apresentam na forma privilegiada (“eu x que...”, “eu x a ...”, “eu x...”) podem ser “reduzidos” a essa forma e convertidos em performativos explícitos.
4- Que exemplos são dados para contrastar proferimentos primários e performativos explícitos?
Como exemplo de proferimento primário apresenta “Estarei lá”. E performativo explícito “Prometo que estarei lá” , ou seja, essa forma torna explícita a ação realizada ao se fazer o proferimento. Pois, diante de “Estarei lá”, pode-se perguntar: Trata-se de uma promessa? De uma intenção?
5-Como Austin entende a expressão “tornar explícito”?
Enfatiza que não é o mesmo que descrever ou relatar o que estou fazendo. Dizer “Eu o saúdo” não é descrever meu ato de saudar. Fazer ou dizer tais coisas é tornar claro como o ato deve ser entendido, dizer de que ação se trata.
6- Que suposição o autor faz sobre o performativo explícito do ponto de vista de sua natureza e construção?
Austin dirá que do ponto de vista da evolução da linguagem, o performativo explícito dever ter se desenvolvido posteriormente a certos proferimentos mais primários. Assim, “Eu o farei” é anterior a “Prometo que o farei”. Talvez porque ainda não estivesse tão claro,ou ainda não fosse possível distinguir que coisas poderíamos estar fazendo. “Trovão”em uma linguagem primitiva poderia ser uma advertência, informação, predição etc
7- Quais recursos nos permitem veicular a força dos proferimentos?
Austin diz que a linguagem em si em seus estágios primitivos não é precisa nem explícita, arrolará, então, recursos lingüísticos e outras funções, tais como: o modo; tom de voz, cadência, ênfase; advérbios e expressões adverbiais, partículas conectivas
_ modo: o imperativo “Feche-a” pode ser dito em vários contextos, assim: “Feche-a, faça-o”, assemelha-se a “Aconselho-lhe que a feche”.
“Feche-a, eu o faria”, assemelha-se a “Aconselho-a a fechá-la.”
_ tom de voz, cadência ,ênfase determinarão a diferença entre um aviso, uma pergunta e um protesto na proposição “Vai atacar” (!, ?, !?)
_ advérbios e expressões adverbiais: Eu o farei provavelmente (atenuação) ou sem falta (comprometimento).
_ circunstâncias do proferimento: o contexto pode determinar a interpretação, por exemplo, o nexo entre “morrerei um dia” e “deixarei para você meu relógio”.
8- Que dificuldades o autor apresenta para os recursos acima apresentados?
Embora ricos, eles prestam-se a equívocos. A dificuldade consiste principalmente no fato de ser vago o seu significado e incerto o resultado de sua recepção. Uma mesma fórmula, é, às vezes, um performativo explícito e, às vezes, é descritiva. Pode-se jogar com essa ambivalência: por exemplo, “Aprovo” e “Concordo”. Assim, “Aprovo” pode ter a força performativa de dar aprovação ou pode ter o significado descritivo de “Estou a favor disto.”
9- Que tratamento receberão a “emoção” e o “desejo”?
As emoções e os desejos exibem alguns dos fenômenos incidentais no desenvolvimento das fórmulas performativas explícitas. Uma vez que a emoção e desejo não são facilmente detectáveis pelos demais, é comum que queiramos informar-lhes o que sentimos. Assim, apresenta exemplos de expressões usadas:
Performativos Semidescritivas Relatos
Agradeço Sou grato Sinto-me grato
Peço desculpas Lamento Arrependo-me/
Estou chocado
com/Estou
revoltado com
Critico/censuro Culpo __________
Aprovo Aprovo Sou favorável
Dou-lhe as boas vindas Recebo com prazer ___________
Felicito-o Alegro-me com ___________
Austin denominará os casos vinculados a sentimentos e atitudes de “comportamentais”, destaca, no entanto que expressões convencionais de sentimento não tem nada a ver com os performativos.
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
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