quinta-feira, 11 de setembro de 2008

VI Conferência de Austin - Performativos Explícitos

1-A que conclusão chegou Austin diante das dificuldades em buscar critérios para definir mais claramente os performativos, uma vez que eles não são tão obviamente distintivos dos constatativos?

Depois de tentar critérios gramaticais ou de vocabulário, ou uma combinação de ambos, Austin conclui pela inexistência de um critério absoluto. Além disso, critérios não serviriam para distinguir performativos dos constatativos, uma vez que é comum que uma mesma sentença seja usada em diferentes ocasiões das duas formas.


2-Mesmo admitindo que parece ser um problema sem solução, que tipo de performativo continua a merecer a preferência do autor?

O performativo do qual ele tirou seus primeiros exemplos (verbo na 1ª pessoa do singular do pres, do indic. da voz ativa, pelo menos em casos em que fazer o proferimento é realizar o ato).

3-Que metodologia sugere para se chegar aos performativos explícitos?

Fazer uma lista de todos os verbos com a peculiaridade de ao dizer fazer um ato.
Supor que todos os proferimentos performativos que não se apresentam na forma privilegiada (“eu x que...”, “eu x a ...”, “eu x...”) podem ser “reduzidos” a essa forma e convertidos em performativos explícitos.

4- Que exemplos são dados para contrastar proferimentos primários e performativos explícitos?

Como exemplo de proferimento primário apresenta “Estarei lá”. E performativo explícito “Prometo que estarei lá” , ou seja, essa forma torna explícita a ação realizada ao se fazer o proferimento. Pois, diante de “Estarei lá”, pode-se perguntar: Trata-se de uma promessa? De uma intenção?

5-Como Austin entende a expressão “tornar explícito”?

Enfatiza que não é o mesmo que descrever ou relatar o que estou fazendo. Dizer “Eu o saúdo” não é descrever meu ato de saudar. Fazer ou dizer tais coisas é tornar claro como o ato deve ser entendido, dizer de que ação se trata.

6- Que suposição o autor faz sobre o performativo explícito do ponto de vista de sua natureza e construção?

Austin dirá que do ponto de vista da evolução da linguagem, o performativo explícito dever ter se desenvolvido posteriormente a certos proferimentos mais primários. Assim, “Eu o farei” é anterior a “Prometo que o farei”. Talvez porque ainda não estivesse tão claro,ou ainda não fosse possível distinguir que coisas poderíamos estar fazendo. “Trovão”em uma linguagem primitiva poderia ser uma advertência, informação, predição etc



7- Quais recursos nos permitem veicular a força dos proferimentos?

Austin diz que a linguagem em si em seus estágios primitivos não é precisa nem explícita, arrolará, então, recursos lingüísticos e outras funções, tais como: o modo; tom de voz, cadência, ênfase; advérbios e expressões adverbiais, partículas conectivas
_ modo: o imperativo “Feche-a” pode ser dito em vários contextos, assim: “Feche-a, faça-o”, assemelha-se a “Aconselho-lhe que a feche”.
“Feche-a, eu o faria”, assemelha-se a “Aconselho-a a fechá-la.”
_ tom de voz, cadência ,ênfase determinarão a diferença entre um aviso, uma pergunta e um protesto na proposição “Vai atacar” (!, ?, !?)
_ advérbios e expressões adverbiais: Eu o farei provavelmente (atenuação) ou sem falta (comprometimento).
_ circunstâncias do proferimento: o contexto pode determinar a interpretação, por exemplo, o nexo entre “morrerei um dia” e “deixarei para você meu relógio”.

8- Que dificuldades o autor apresenta para os recursos acima apresentados?

Embora ricos, eles prestam-se a equívocos. A dificuldade consiste principalmente no fato de ser vago o seu significado e incerto o resultado de sua recepção. Uma mesma fórmula, é, às vezes, um performativo explícito e, às vezes, é descritiva. Pode-se jogar com essa ambivalência: por exemplo, “Aprovo” e “Concordo”. Assim, “Aprovo” pode ter a força performativa de dar aprovação ou pode ter o significado descritivo de “Estou a favor disto.”

9- Que tratamento receberão a “emoção” e o “desejo”?

As emoções e os desejos exibem alguns dos fenômenos incidentais no desenvolvimento das fórmulas performativas explícitas. Uma vez que a emoção e desejo não são facilmente detectáveis pelos demais, é comum que queiramos informar-lhes o que sentimos. Assim, apresenta exemplos de expressões usadas:
Performativos Semidescritivas Relatos

Agradeço Sou grato Sinto-me grato

Peço desculpas Lamento Arrependo-me/
Estou chocado
com/Estou
revoltado com
Critico/censuro Culpo __________

Aprovo Aprovo Sou favorável


Dou-lhe as boas vindas Recebo com prazer ___________

Felicito-o Alegro-me com ___________


Austin denominará os casos vinculados a sentimentos e atitudes de “comportamentais”, destaca, no entanto que expressões convencionais de sentimento não tem nada a ver com os performativos.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

V Conferência

Questões de trabalho
1-Qual foi a temática da confer ncia anterior sobre a qual Austin tece comentários na introduç o da V Conferência?
2-Austin fortalece a dúvida ou a convicção sobre a diferença entre enunciados constatativos e performativos?
3-Como o pensador formula a grande indagaç o em busca de um critério de maior preciso?
4-Qual é o critério que se destaca na busca austiniana?
5-Que discusso desenvolve sobre o critério verbal, mais especificamente, sobre o presente e o presente contínuo?
6-Que conclusões Austin antecipará ao discutir exemplos de verbos na 2ª e 3ª pessoa e também de verbos na voz passiva?
7-O impasse gerado por inúmeros contra-exemplos levam Austin a desistir da busca por um critério?
8-O que leva Austin a rever sua prefer ncia inicial pela 1ª pessoa do singular no presente do indicativo na voz ativa ?
9-O que Austin proporá metodologicamente?
10-O que acontece quando contrastamos pessoas e tempos do mesmo verbo?
11-Embora se incline pelo critério da 1ª pessoa, que objeções apresentará?


1-Considerou-se o problema das relaç es entre os proferimentos performativos e as declarações de vários tipos que s o verdadeiras ou falsas. Uma certa proximidade foi destacada entre o exemplo performativo "Peço desculpas" e a declaração de que "estou pedindo desculpas". Sinaliza para uma possível anulação da distinção entre constatativos e performativos.
2-Austin oscila sobre distintas posiç es. Primeiramente, fortalece a convicç o de que a distinção é definitiva, voltando idéia de Verdadeiro e Falso, Feliz e Infeliz. Em seguida, fala que talvez o contraste não seja tão seguro, pois a declaração "João está correndo" está relacionada declaração "estou afirmando que João está correndo."

3-Austin materializa sua inquietação da seguinte forma: "Há alguma forma precisa para distinguir o proferimento constatativo do performativo?"

4-O pensador indaga sobre a exist ncia de algum critério gramatical (ou lexicográfico) para explicar a distinção.

5-Dirá que é mais comum o "presente" indicar um hábito nos casos em que é realmente indicativo. Quando não é hábito, como no caso do performativo "Batizo", não se trataria de "indicativo" no sentido dado pelos gramáticos, pois o performativo não descreve, nem informa, mas é usado para fazer algo.

6-Ao mostrar que um performativo pode se realizar na 2ª e 3ª pessoas e também pode se realizar na voz passiva, o critério da 1ª pessoa parece sucumbir. Austin dirá então que pessoa e voz não são essenciais. Também o modo e o tempo falham como critérios absolutos.

7-Diante do impasse, dirá que talvez n o seja impossível produzir um critério complexo, ou, pelo menos, um conjunto de critérios levem em consideração tanto a gramática quanto o vocabulário.

8-Dado que o proferimento performativo exige que a expressão consiste na realização de uma ação , tal ação só pode ser realizada por pessoas, pois quem usa a expressão deve realizar ação . Assim, a inclinação para a 1ª pessoa volta a ser destacada. Além disso, quem profere tem que estar fazendo algo, daí a preferência pela voz ativa . Na expressão oral, a pessoa que profere pode ser chamada de "origem do proferimento", na expressão escrita, ao colocar sua assinatura. O "eu" que está realizando a ação entra em cena.

9-Dirá que, metodologicamente, se sente inclinado a dizer que "todo proferimento deveria ser capaz de ser reduzido, expandido ou analisado de modo tal que se obtivesse uma forma na 1ª pessoa do sing. do pres. do indic. da voz "ativa."Fora!" Equivale a "Eu declaro, proclamo ou digo que você está fora do jogo!"

10-Em "Aposto", "Apostei" e "Ele aposta", o segundo e o terceiro exemplos nosso performativos, pois descrevem ação minha e de outro. Ao dizer "Eu aposto" n o afirmo que profiro as palavras, e sim realizo o ato de apostar. Emerge daí a relação de assimetria entre as pessoas.

11-Austin arrolará as seguintes observaç es para responder que n o é um critério muito exato: a) a 1ª pessoa pode ser usada para descrever como me comporto habitualmente ("Aposto – todas as manh s- dez reais"); ("Prometo unicamente quando tenho a intenç o de cumprir com minhas palavras"); b) pode ser usada de modo semelhante ao presente histórico.